Amazônia, a última cruzada
O município de Coari encontra-se no centro do Estado do Amazonas. Ele é banhado pelo Rio Solimões na direção oeste e leste. Com seus 57.529 Km2, o município é maior que sete Estados brasileiros. A cidade de Coari situa-se na margem sul do Rio Solimões, na foz do lago de Coari.
Em 1986 foram descobertas pela Petrobras as primeiras jazidas comerciais de petróleo e gás natural na região do Urucu. Nos anos seguintes houveram várias perfurações com sucesso: Leste do Urucu em 1987, Sudoeste do Urucu em 1988. Carapanaúba, Cupiúba em 1998 e Igarapé Marta em 1990. Em conjunto, elas formam a província de petróleo e gás natural do Urucu.
O transporte de petróleo e gás é o principal problema a ser resolvido. A primeiro momento foi transportado em barcos petroleiros pelos rios Urucu e Solimões até a refinaria em Manaus. O próximo passo foi construir um poliduto e paralelo a ele, um gasoduto, de 280 Km de comprimento, na área de produção de Urucu, até o Terminal Solimões, do lado da cidade de Coari. Para isso foi derrubado um corredor de cerca de 50 metros de largura de floresta tropical primária.
O próximo passo que começa com um acerto entre o governo estadual e o governo federal para a construção do gasoduto Coari-Manaus no próximo mês de abril. Será uma obra de aproximadamente 400 km, se gastará US$ 393 milhões e será construído em dois anos.
O projeto Urucu faz parte da continuidade da abertura da Amazônia através de grandes projetos que ocorre desde as últimas décadas (Transamazônica, Carajás, Balbina, Calha-norte, entre outros). Eles são expressão de um pensamento de desenvolvimento que se orienta pelos hábitos de produção e de consumo dos países industrializados. Este tipo de desenvolvimento traz consigo conseqüências sociais e ecológicas de peso para a Amazônia e opõe-se à idéia de desenvolvimento da população tradicional amazônida.
É do conhecimento de todos o potencial econômico da Petrobras (em 2003, faturou mais do que a coca-cola) e da sua capacidade, pois tem pessoal capacitado e equipamentos de alta tecnologia com competência de implantar projetos ousados, admirados e respeitados.
Porém, existirão prejuízos que a Petrobras não pode prever e nem conter, como por exemplo: o prejuízo social (a cidade de Coari é um exemplo disso, na época da construção do gasoduto Urucu-Coari o que mais cresceu, foi o índice de prostituição); desmatamento, extermínio de micro-organismos e pequenas fontes (que alimentam os igarapés, lagos e rios), a fugas dos animais selvagens e dos peixes, principais fontes de alimentos dos ribeirinhos, pois estes verão-sentirão o seu habitat ser destruído. Essas perdas não têm preço e só quem vive naquele ambiente sentirá essas perdas e os donos do capital não moram lá.
Os ribeirinhos são os atingidos pelo projeto Urucu. Eles constituem a maioria da população em grandes partes da Amazônia, exceto nas cidades. No entanto, eles têm pouca presença na discussão política na Amazônia.
Leonardo Boff em um dos seus artigos aqui no site Adital, nos relata essa experiência: “Andando por minha rua, onde quase ninguém passa, contabilizei, em apenas 50 metros, 58 besouros mortos. Como não reparamos nesses nossos irmãos mais pequenos, pisamos neles e nossos carros os massacram. São Francisco se os visse mortos, choraria de compaixão”. Pois, eu digo se São Francisco choraria ao ver 58 besouros mortos, e se ele soubesse desse projeto da Petrobrás do gasoduto Coari-Manaus, e das plantas e dos animais que ali morrerão, morreria do coração!
Primeiro foram os nossos índios devorados pelas caravelas que movidas a sangue, singravam nossos rios, Marañon, Solimões, Amazonas e seus afluentes; logo em seguidas nossas tartarugas e peixes-boi, transformados em manteiga e óleo e vendidos a preços irrisórios; depois nossos peixes, engolidos pelas empresas pesqueiras que nunca saciaram sua fome e a agora o restante. Sem esquecer dos nossos irmãos nordestinos, que na Amazônia plantaram suas vidas no leite das seringueiras e delas brotou a ‘obra monumental mais bela’ nosso Teatro Amazonas. Amazonas, até quando serás fonte de cobiça daqueles que te exploram?
Tudo está sendo feito em nome do desenvolvimento, pois, segundo os entendidos de petróleo, o lucro será de milhões, mais quem de fato gozará desse lucro? A população ribeirinha, que é aquela que terá em suas terras, os tubos do gasoduto? Pela história que vimos até agora, parece que não, porém serão os mais afetados e os únicos que não gozarão desse lucro, mas que no final pagarão a conta.
E a natureza, frágil, indefesa, tombará diante da força destruidora do capital que numa fome insaciável, devora a selva, ‘capitalismo selvagem’, literalmente falando. É o império do consumismo com suas justificativas, que impera sobre a vida da floresta Amazônica, exuberante, de uma beleza e grandeza de encantos mil. Podemos terminar com as palavras do cantor que canta poetizando, profetizando, “é a força da grana que destrói coisas belas”.
Obs. A intuição do título: Amazônia, a última cruzada é que depois desse projeto, tudo será justificado, é pelo bem da nação (bem, de uma minoria), é pelas nossas metas; tudo será possíve!.
Em 1986 foram descobertas pela Petrobras as primeiras jazidas comerciais de petróleo e gás natural na região do Urucu. Nos anos seguintes houveram várias perfurações com sucesso: Leste do Urucu em 1987, Sudoeste do Urucu em 1988. Carapanaúba, Cupiúba em 1998 e Igarapé Marta em 1990. Em conjunto, elas formam a província de petróleo e gás natural do Urucu.
O transporte de petróleo e gás é o principal problema a ser resolvido. A primeiro momento foi transportado em barcos petroleiros pelos rios Urucu e Solimões até a refinaria em Manaus. O próximo passo foi construir um poliduto e paralelo a ele, um gasoduto, de 280 Km de comprimento, na área de produção de Urucu, até o Terminal Solimões, do lado da cidade de Coari. Para isso foi derrubado um corredor de cerca de 50 metros de largura de floresta tropical primária.
O próximo passo que começa com um acerto entre o governo estadual e o governo federal para a construção do gasoduto Coari-Manaus no próximo mês de abril. Será uma obra de aproximadamente 400 km, se gastará US$ 393 milhões e será construído em dois anos.
O projeto Urucu faz parte da continuidade da abertura da Amazônia através de grandes projetos que ocorre desde as últimas décadas (Transamazônica, Carajás, Balbina, Calha-norte, entre outros). Eles são expressão de um pensamento de desenvolvimento que se orienta pelos hábitos de produção e de consumo dos países industrializados. Este tipo de desenvolvimento traz consigo conseqüências sociais e ecológicas de peso para a Amazônia e opõe-se à idéia de desenvolvimento da população tradicional amazônida.
É do conhecimento de todos o potencial econômico da Petrobras (em 2003, faturou mais do que a coca-cola) e da sua capacidade, pois tem pessoal capacitado e equipamentos de alta tecnologia com competência de implantar projetos ousados, admirados e respeitados.
Porém, existirão prejuízos que a Petrobras não pode prever e nem conter, como por exemplo: o prejuízo social (a cidade de Coari é um exemplo disso, na época da construção do gasoduto Urucu-Coari o que mais cresceu, foi o índice de prostituição); desmatamento, extermínio de micro-organismos e pequenas fontes (que alimentam os igarapés, lagos e rios), a fugas dos animais selvagens e dos peixes, principais fontes de alimentos dos ribeirinhos, pois estes verão-sentirão o seu habitat ser destruído. Essas perdas não têm preço e só quem vive naquele ambiente sentirá essas perdas e os donos do capital não moram lá.
Os ribeirinhos são os atingidos pelo projeto Urucu. Eles constituem a maioria da população em grandes partes da Amazônia, exceto nas cidades. No entanto, eles têm pouca presença na discussão política na Amazônia.
Leonardo Boff em um dos seus artigos aqui no site Adital, nos relata essa experiência: “Andando por minha rua, onde quase ninguém passa, contabilizei, em apenas 50 metros, 58 besouros mortos. Como não reparamos nesses nossos irmãos mais pequenos, pisamos neles e nossos carros os massacram. São Francisco se os visse mortos, choraria de compaixão”. Pois, eu digo se São Francisco choraria ao ver 58 besouros mortos, e se ele soubesse desse projeto da Petrobrás do gasoduto Coari-Manaus, e das plantas e dos animais que ali morrerão, morreria do coração!
Primeiro foram os nossos índios devorados pelas caravelas que movidas a sangue, singravam nossos rios, Marañon, Solimões, Amazonas e seus afluentes; logo em seguidas nossas tartarugas e peixes-boi, transformados em manteiga e óleo e vendidos a preços irrisórios; depois nossos peixes, engolidos pelas empresas pesqueiras que nunca saciaram sua fome e a agora o restante. Sem esquecer dos nossos irmãos nordestinos, que na Amazônia plantaram suas vidas no leite das seringueiras e delas brotou a ‘obra monumental mais bela’ nosso Teatro Amazonas. Amazonas, até quando serás fonte de cobiça daqueles que te exploram?
Tudo está sendo feito em nome do desenvolvimento, pois, segundo os entendidos de petróleo, o lucro será de milhões, mais quem de fato gozará desse lucro? A população ribeirinha, que é aquela que terá em suas terras, os tubos do gasoduto? Pela história que vimos até agora, parece que não, porém serão os mais afetados e os únicos que não gozarão desse lucro, mas que no final pagarão a conta.
E a natureza, frágil, indefesa, tombará diante da força destruidora do capital que numa fome insaciável, devora a selva, ‘capitalismo selvagem’, literalmente falando. É o império do consumismo com suas justificativas, que impera sobre a vida da floresta Amazônica, exuberante, de uma beleza e grandeza de encantos mil. Podemos terminar com as palavras do cantor que canta poetizando, profetizando, “é a força da grana que destrói coisas belas”.
Obs. A intuição do título: Amazônia, a última cruzada é que depois desse projeto, tudo será justificado, é pelo bem da nação (bem, de uma minoria), é pelas nossas metas; tudo será possíve!.